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sexta-feira, 19 de julho de 2013

PROGRAMA MAIS MÉDICOS, MP 621/2013 E O MONOPÓLIO DA SAÚDE NO BRASIL



Manter os privilégios de classe e a exploração, essa é a verdadeira causa médica hoje.
Há um grande alarde, no meio médico, a respeito da medida provisória 621/2013. A elite branca, que usa jaleco branco e que nunca se engajou por nada nesse país, foi às ruas com uma causa transcrita em faixas e cartazes: o não à medida provisória 621, nomeada de “programa mais médicos” em nome do "revalida".

Algumas pessoas, principalmente políticos oportunistas, têm defendido a causa médica. Mas, os que apoiam o “revalida” cobrado pelos médicos ignoram a verdadeira causa dos médicos brasileiros.

A verdadeira causa dos médicos no Brasil é o monopólio da saúde. Monopólio de classe, isso tem sido a saúde no Brasil. Monopólio em todos os sentidos. Monopólio porque o médico, quase que invariavelmente, é branco e bem nascido e monopólio porque se o cidadão também não for bem nascido, será tratado, quase invariavelmente, como lixo na rede pública de saúde por esses mesmos médicos.

Dizem que o revalida garantiria a qualidade da formação. E qual a qualidade da formação da medicina no Brasil?

Aqui, como é noticiado corriqueiramente, o bem nascido compra uma vaga na universidade por 50, 80, 100, 120 mil reais e termina um curso sabendo menos que um calouro, como demonstrou o Enade no Estado do Paraná. Os médicos brasileiros querem pôr à prova a qualidade do ensino no exterior quando não há qualquer controle sobre a formação médica no Brasil, como faz a OAB.

O último exame Conselho Regional de Medicina de São Paulo reprovou mais da metade dos médicos recém-formados. Se fosse obrigatória, e por isso incluísse os menos pretensiosos que aqueles que se voluntariam para testar suas habilidades, certamente teríamos uma imagem do desastre que é a formação médica nesse país.

Aqui se multiplicam os erros médicos nutridos por uma formação deficitária e pelo corporativismo irresponsável.


Há três anos, morando em Marabá-Pa, estive no hospital municipal daquela cidade por estar me sentindo mal. O que vi ali foi a degeneração da dignidade humana não só porque faltava infraestrutura, mas porque havia uma bruteza animalesca na forma de atender as pessoas.

Agora, vivendo em Uruaçu-Go, minha companheira fez parte do pré-natal no postinho perto da minha casa. O atendimento da médica Maria Issae Y. Tamaki era horrível. Estava sempre de mal humor. Era ríspida, bruta, desinteressada, enfim, estúpida. Minha filha nasceu, e coberta pelo meu plano de saúde, a levei para um atendimento pediátrico na rede particular. Nos atendeu, por uma infeliz coincidência, a  mesma médica do postinho. Ali, na rede particular, ela foi simplesmente um amor de pessoa. Atenciosa, paciente, interessada, enfim, profissional.

Porque essas bestas de jaleco branco tratam as pessoas como bichos na rede pública, de onde lhes vêm gordas recompensas –já que no interior não há qualquer servidor público melhor remunerado que um médico – e como gente na rede particular?

Dizem que o problema da saúde é de infraestrutura. Com certeza, também é esse. Mas o problema seria menor se cumprissem suas cargas horárias milionárias nos postos públicos onde são contratados para trabalharem. A maioria já chega atrasada no atendimento público, em meia hora atendem 30, 40 pessoas dedicando 30 segundos a cada uma, e vão embora para seus consultórios particulares.

A MP 621/2013, no seu 1º artigo diz:

"Fica instituído o Programa Mais Médicos, com a finalidade de formar recursos humanos na área médica para o Sistema Único de Saúde - SUS e com os seguintes objetivos: I - diminuir a carência de médicos nas regiões prioritárias para o SUS, a fim de reduzir as desigualdades regionais na área da saúde [...].”


Então, os médicos reagem porque querem manter a saúde no Brasil como privilégio de classe. Não querem admitir concorrência. Têm medo que uma consulta médica, por maior oferta de mão-de-obra nessa área, possa ficar ao alcance de um trabalhador.

Eu não os condeno por desejarem que, no tocante à saúde, o Brasil permaneça quase o mesmo do período colonial. Eu os condeno porque até nisso a classe tem sido criminosa.

Atitudes como essa da presidente Dilma são dignas da nossa admiração. Parabéns Dilma por abrir a caixa de pandora da saúde no Brasil.

Referências:


Calouros superam formandos em conhecimentos específicos. In: noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2005/05/05/483200/calouros-superam-formandos-em-conhecimentos-específicos.html

SANTOS, Juliana. Mais da metade dos médicos recém-formados é reprovada no exame do Cremesp. In: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/mais-da-metade-dos-medicos-recem-formados-e-reprovada-no-exame-do-cremesp

Medida Provisória 621, de 08 de Julho de 2013.