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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ANALFABETISMO POLÍTICO

A experiência de andar com os olhos bem abertos tem feito perceber coisas que, em outros tempos, passavam despercebidas. Esse feriadão de carnaval, por exemplo, estive em Piraquê-To, a região que concentra o maior número de assentamentos no Estado do Tocantins; e, estranhamento, descobri que lá a senadora Kátia Abreu é, e fato, um ícone com direito a lugar reservado para sua imagem em quase todas as paredes.
O mais ignorante dos brasileiros, porém, deveria saber que a Senadora Kátia Abreu é inimiga dos pobres e lavradores. Ele valoriza agricultores, mas agricultores, na definição da sua bancada no senado, são os grandes fazendeiros. Ela se orgulha de criminalizar a luta dos camponeses sem terra. E, por defender o direito do latifúndio de promover o desmatamento, a senadora recebeu em 2010 o prêmio “Motosserra de Ouro”, que lhe foi entregue por organizações não-governamentais como forma de criticá-la por sua postura latifundista, devastadora do meio ambiente e de inimiga dos camponeses pobres.
Em Piraquê, contudo, ela aparece com um lindo sorriso nas paredes dos assentados, de quem a senadora é inimiga. Piraquê tem uma populaçãozinha minguada, mas é uma população ligada à agricultura e aos assentamentos. É justamente o tipo de comunidade alvo da política maléfica da Senadora Kátia Abreu. Mas é um povo que reserva, àquela que tenta lhes destruir, um lugarzinho cativo no altar de quem não tem altar. 
E por que isso acontece? Porque o povo brasileiro, como um todo, é um povo ignorante politicamente. O povo brasileiro não é um povo politizado, e o povo piraqueense, por extensão, é um povo que politicamente sofre dos mesmos males. Será que alguma dessas pessoas que deixam parar em suas paredes o riso fácil da senadora sabe o que realmente representa sua política? Quais os interesses que ela defende? Será que esse povo sabe qual os interesses políticos daqueles que os representam em cargos legislativos e executivos? Tenho certeza que não. Salvo algumas exceções, que olham para o próprio umbigo, o povo não sabe sequer o que pode lhes ser útil ou prejudicial. O povo é como uma criança que, se deixando o remédio ao alcance da mão, não sabem tomar.